segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Mulher de meia-idade


Mulher de meia-idade

    Peço licença, nesse momento, à saudosa poetisa Cecília Meireles, que em um de seus belos poemas escreve assim:

               Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro
nem estes olhos tão vazios
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas,
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- em que espelho ficou perdida
A minha face?

    Que lindo! Essa reflexão só consegue fazer quem tem a longevidade.
    As rugas, as dobras que vierem com o tempo, quero-as todas no percurso ao longo da vida; sinais de experiência e sabedoria.
    Que graça teria, ter o mesmo rosto, o mesmo corpo, as mesmas medidas, as mesmas atitudes gerenciadas por um turbilhão de coisas que levam ao consumismo, à vaidade e empurram ao esquecimento a sua essência e a sua formação.
    Dentro de um contexto tudo tem a sua função, seu significado, merece respeito, mas precisa ser avaliado.
    Mulher da passarela, dos holofotes, da fotoshop, admiradas, desejadas, seguidas, perseguidas até, essas são de mentira!
    Mulher de meia-idade, prefira ser de verdade.

                                                                           Profª Nilva – 22/10/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário