Mulher de meia-idade
Peço licença, nesse momento, à saudosa
poetisa Cecília Meireles, que em um de seus belos poemas escreve assim:
Retrato
Eu não tinha
este rosto de hoje,
assim calmo,
assim triste, assim magro
nem estes
olhos tão vazios
nem o lábio
amargo.
Eu não tinha
estas mãos sem força,
tão paradas
e frias e mortas,
eu não tinha
este coração
que nem se
mostra.
Eu não dei
por esta mudança,
Tão simples,
tão certa, tão fácil:
- em que
espelho ficou perdida
A minha
face?
Que lindo! Essa reflexão só consegue fazer
quem tem a longevidade.
As rugas, as dobras que vierem com o tempo,
quero-as todas no percurso ao longo da vida; sinais de experiência e sabedoria.
Que graça teria, ter o mesmo rosto, o mesmo
corpo, as mesmas medidas, as mesmas atitudes gerenciadas por um turbilhão de
coisas que levam ao consumismo, à vaidade e empurram ao esquecimento a sua
essência e a sua formação.
Dentro de um contexto tudo tem a sua
função, seu significado, merece respeito, mas precisa ser avaliado.
Mulher da passarela, dos holofotes, da
fotoshop, admiradas, desejadas, seguidas, perseguidas até, essas são de
mentira!
Mulher de meia-idade, prefira ser de
verdade.
Profª Nilva – 22/10/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário